PINTURA AOS PEIXES – exposição de Lilian Maus no stand Galeria Aura, ARTRIO 2018
A Galeria Aura traz à ARTRIO, de 26 a 30/10/2018, a produção de Lilian Maus (Salvador/BA, 1983), artista visual e professora do Instituto de Artes da UFRGS, Doutora em Poéticas Visuais e Mestre em História, Teoria e Crítica de Arte. Lilian reside entre Osório e Porto Alegre, onde geriu o Atelier Subterrânea (2006-2015). Desde 2004, a artista participa de residências, salões e exposições nacionais e internacionais. Recebeu prêmios do MinC, da Funarte e de Secretarias da Cultura dos estados de Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Lilian Maus busca traçar, através de suas obras, uma profunda investigação sobre a fenomenologia da paisagem. Desde 2012, quando transferiu seu ateliê para Osório, a artista produz seu trabalho a partir da interação com esse lugar. Suas pinturas são uma espécie de travessia entre as experiências do estúdio e as incursões que realiza na paisagem natural, a partir de caminhadas, navegações e vôos livres. Na exposição Pintura aos peixes, exibida no stand da Aura, ARTRIO 2018, a artista apresenta trabalhos da série Área de Cultivo e Sermão aos peixes, a partir de uma instalação cujo fio condutor é a água, tendo em vista que seu ateliê está cercado por 23 lagoas do litoral norte do RS. O conjunto de obras integra o projeto OLHO D’ÁGUA: por uma poética de travessia, que terá nova mostra inaugurada 25 de outubro, na Galeria Aura (Wizard, 397, São Paulo).
A partir da lição deixada por Jasper Johns na obra Diver, Lilian também concebe a pintura como um mar onde o pintor/mergulhador deve imergir nas profundezas misteriosas, reservando sempre fôlego para retornar à superfície. Segundo Bachelard (1989), o ser voltado à água é “um ser em vertigem. Morre a cada minuto.” É a partir dessa água que corre, cai e morre na horizontal que as imagens da artista brotam como aguapés, por fortuna ou leveza, do suporte encharcado junto ao chão. Tentando apre(e)nder essa paisagem, a Lilian dissolve o conhecido no desconhecido e vice-versa, fazendo as imagens flutuarem no plano do quadro e inundarem o espaço do espectador.
O avanço às profundezas aquáticas é também um retorno às nossas origens. O mar, que há bilhões de anos deu origem à vida, até meados do séc. XV, apresentava-se como barreira intercontinental intransponível para a humanidade, marcando um limite entre vida e morte, natureza e cultura. No entanto, a promessa de alcançar as terras incógnitas fez do próprio mar o tema central da geopolítica europeia do século XV ao XVIII. Foi mediante à promessa de chegada no Paraíso Terreal que os colonizadores vieram às Américas. Mas a fantasia do Jardim do Éden seria contrária às experiências vividas na viagem, como bem nos lembrará o Padre António Vieira, em seu célebre Sermão de Santo António aos peixes (1654), uma das referências que alicerçam a exposição.